sábado, 20 de julho de 2013

O futuro do mercado de trabalho: uma radiografia das práticas de recrutamento e seleção de candidatos

Por  Vicente Picarelli Filho 

 Sócio da área de Gestão de Capital Humano da Deloitte 

A sociedade brasileira vem passando historicamente por transformações profundas e constantes. Ao longo do século passado, a população do País cresceu de 17,4 milhões para 169,9 milhões de pessoas, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) foi ampliado em cerca de cem vezes. Em meio a esse processo de expansão demográfica e de alterações econômico-sociais, cabe destaque, por exemplo, a participação das mulheres no mercado de trabalho, especialmente durante a última década. 
A mais recente Pesquisa de Benchmarking de Capital Humano promovida e divulgada pela Deloitte no Brasil apontou que, em 2003, 34,24% dos postos de liderança do mercado brasileiro eram ocupados por mulheres. Esse dado, endossado pela experiência empírica de empresários e trabalhadores, confirma o dinamismo do quadro social e das relações de mercado no País. O estudo aponta, porém, uma série de dados menos óbvios que este e que ajudam a compreender a realidade do mercado de trabalho no Brasil a partir das práticas de recrutamento e seleção implementadas por empresas de portes diversos. 
Os investimentos em recursos humanos por parte das 81 empresas pesquisadas devem ser deslocados, nos próximos dois anos, predominantemente para as áreas de treinamento e desenvolvimento (82%), sistemas de remuneração (55%), tecnologia da informação (50%), comunicação interna (41%) e benefícios (36%). A prática de recrutamento e seleção de pessoal deve absorver cerca de 13% dos investimentos. 
 As empresas demonstram priorizar meios de recrutamento tradicionais e de baixo custo, incluindo a internet, que é bastante empregada especialmente pelos setores administrativo, técnico e de profissionais. O recrutamento interno também é freqüentemente usado pelas empresas no Brasil, para o preenchimento de cerca de 25% das vagas abertas. 
Assim como nas práticas de seleção, as empresas usam uma grande variedade de ferramentas para recrutamento, baseadas numa definição dos requerimentos mínimos para as funções que precisam ser desempenhadas, destacando-se, em todas as categorias, a experiência profissional prévia dos candidatos. 
Tanto nas práticas de recrutamento como naquelas de seleção, foi identificada uma forte influência da categoria profissional na definição dos métodos usados. 
No caso dos empregados da área operacional, os meios mais comuns de recrutamento são: por recomendação de terceiros (77%), recebimento de currículos e agência de empregos (69%). Para funções administrativas, os modos mais utilizados para recrutamento são: recebimento de currículos (85%), recomendações (77%) e recrutamento interno (69%). Para profissionais especializados, o recrutamento interno e o recebimento de currículos são os instrumentos mais empregados (69%), seguidos de abordagens pela internet e recomendações de terceiros (61%). 
No recrutamento de candidatos para cargos de gerência média, as firmas de consultoria são claramente o meio mais utilizado (76%), seguido de longe pelo recebimento de currículos e e-mails (54%). As firmas de consultoria são o meio mais utilizado também para o recrutamento de executivos no Brasil (77%), embora o recebimento de currículos (46%) e o recrutamento interno (38%) também devam ser considerados. 
No processo de seleção de funcionários, o mercado brasileiro prioriza ferramentas diversas, mas três são as práticas mais utilizadas para todos os casos: entrevista individual com o departamento que requer o funcionário, entrevista individual com a área de recursos humanos e análise de currículos. 
A prática de análise de currículo é a mais empregada para selecionar candidatos que vão ocupar funções administrativas e de profissionais especializados, de gerência média e de executivos. Apenas para vagas operacionais, a entrevista individual com o departamento requerente é o modo mais empregado (77%). 
É destacável que o processo seletivo se torna cada vez mais complexo quanto mais estratégicas forem as vagas a serem ocupadas na empresa. No mercado em geral, para cargos operacionais, administrativos e de gerência média, o fator experiência profissional é o mais desejado nos processos em curso. Para os profissionais especializados, a educação é determinante na seleção do candidato de todos os segmentos do mercado. 
Em seu conjunto, as ações em curso sinalizam uma gestão do capital humano que altera os tradicionais sistemas de administração de pessoal até então vigentes no mercado de trabalho, o que contribui para uma nova forma de operar das organizações. 

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